Com o avanço da dengue nas últimas semanas, a procura por analgésicos e antitérmicos, seja em gotas ou em comprimidos, aumentou cerca de 80% em uma farmácia de Jundiaí (SP). O problema é que, segundo alertam os médicos e especialistas, a automedicação pode tornar os casos da doença ainda mais graves.

Antes de disponibilizar qualquer medicamento, a farmacêutica Milene Silva Vilanova procura orientar o paciente para que não cometa nenhum erro. "A pessoa vem com a suspeita de dengue e eu encaminho ao médico, que vai preescrever o receituário do medicamento", explica.

A dipirona e o paracetamol são os únicos medicamentos indicados para os pacientes com dengue. A dor no corpo, no entanto, faz com que muitas pessoas fiquem em dúvida se podem ou não tomar algum tipo de anti-inflamatório, como o diclofenaco de potássio, mas o uso é proibido.

Medicamentos com ácido acetilsalicílico também não devem ser utilizados, pois elevam os riscos de sangramento. "A doença já tem aumento de risco de sangramento. Então, esses dois fatores, o medicamento e a dengue, podem aumentar ainda mais o risco de agravamento da doença e, até mesmo, levar à morte", esclarece o médico Ísio Carvalho de Souza.

Apesar de indicado, o paracetamol em excesso pode causar graves problemas no fígado. A recomendação é de que o medicamento seja ingerido de seis em seis horas e em baixas dosagens. "Há muita dor no corpo, nas juntas, nas articulações e o paracetamol é um medicamento seguro. Porém, como ele tem um efeito analgésico, a pessoa acaba abusando na dosagem e usando com intervalos mais curtos", lembra o especialista.

Em caso de qualquer sintoma da dengue, a primeira coisa a ser feita é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para que o médico ou profissional da saúde possa avaliar o caso e preescrever o medicamento necessário conforme a dor e os sinais que a pessoa apresenta. "Quando eu tenho uma dor de cabeça, vou na farmácia e me automedico, mascarando os outros sintomas. Então, às vezes, a pessoa acha que teve só uma enxaqueca ou só uma dor no corpo, mas era dengue", completa a médica da Vigilância Epidemiológica da cidade, Lucila Bistafa.

Fonte: Portal G1