Presente na vida de cerca de 15 milhões de brasileiros, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a alta prevalência de dor de cabeça é responsável por induzir a população a consumir indiscriminadamente grandes quantidades de analgésicos.Segundo levantamento feito em 2013 pela empresa IMS Health, o comércio desses produtos no Brasil movimenta R$ 2,6 bilhões por ano.Dentre os mais vendidos está o ibuprofeno,uma substância com ação analgésica, disponível como medicamento isento de prescrição (MIP)que também possui ação antipirética e anti-inflamatória.

Derivado do ácido propiônico, o ibuprofeno é um inibidor reversível da enzima ciclo-oxigenase e causa uma diminuição da formação de precursores das prostaglandinas e tromboxanos reduzindo, desta maneira, o processo de inflamação tecidual. Trata-se de um fármaco pertencente ao grupo dos anti-inflamatórios não esteroidais (Aines).

A principal indicação deste MIP é no tratamento de febre e dores de intensidade leve a moderada, geralmente associadas a quadros de gripes ou resfriados. Costuma ser utilizado também para casos de dor de garganta, dor nas costas, dor de dente, dor de cabeça, cólicas menstruais e dores musculares.

Muitos consumidores, na hora de solicitar analgésicos, questionam o farmacêutico sobre as diferenças do ibuprofeno em relação aos demais medicamentos da mesma classe.Um dos estudos disponíveis sobre o ibuprofeno, realizado com 899 pacientes pela Universidade de Southampton,na Inglaterra, mostrou que, comparado ao paracetamol,o ibuprofeno, ou uma combinação deste com o paracetamol, não tem vantagem para os pacientes com infecções do trato respiratório e pode ainda piorá-la. Uma das hipóteses é que o ibuprofeno pode interferir em alguma parte importante das defesas do organismo, dificultando o combate à infecção em algumas pessoas.

PRINCIPAIS ORIENTAÇÕES

Além das orientações sobre administração, duração do tratamento,possíveis reações adversas,interações com outros medicamentos e/ou alimentos e o modo de ação do ibuprofeno,é essencial que o farmacêutico sempre questione se o paciente não apresenta alergia a nenhum dos componentes presentes no medicamento, explica a assessora técnica do CRF-SP, dra.
Amouni Mourad.

Dra. Amouni dá outras recomendações: "É papel do farmacêutico orientar o paciente a jamais exceder a dose recomendada, alertá-lo a descontinuar o tratamento caso apareça qualquer reação adversa,como sintomas alérgicos/hipersensibilidade,e lembrá-lo de que ele pode notificar a farmácia sobre reações adversas detectadas".

Por fim, a assessora técnica do CRF-SP lembra que é preciso oferecer atenção especial a pacientes idosos e crianças, diabéticos, portadores
de intolerâncias hereditárias (fenilcetonúricos, celíacos etc),gestantes e lactentes, orientando a todos que procurem o médico antes
de utilizarem o ibuprofeno.

PRINCIPAIS EFEITOS ADVERSOS

• Reações mais frequentes: exantema (roséola),
tontura, distúrbios gastrintestinais, pirose (azia) ou indigestão.

• Reações ocasionais: retenção de líquido, cefaleia,irritabilidade, flatulência, obstipação, diminuição do apetite ou anorexia.

• Estudos em animais mostraram que o ibuprofeno causa danos no desenvolvimento fetal.

PRINCIPAIS INTERAÇÕES

• O ibuprofeno pode aumentar as concentrações séricas de ciclosporina, digoxina e metrotexato.

• Uso concomitante com corticosteroides pode aumentar o risco de ulceração gastrintestinal.

• O ácido acetilsalicílico pode diminuir a concentração sérica do ibuprofeno.

• O ibuprofeno pode diminuir o efeito de alguns agentes anti-hipertensivos (incluindo antagonistas da angiotensina, β-bloqueadores, hidralazina e inibidores da ECA) e diuréticos.

• O ibuprofeno e outros inibidores da COX-1 podem reduzir os efeitos cardioprotetores do ácido acetilsalicílico.

• Os níveis séricos máximos de ibuprofeno podem diminuir quando ingerido com alimentos.Deve-se evitar consumo com álcool, pois há aumento da irritação da mucosa gástrica.

• Deve-se evitar o uso concomitante com aipo,alcaçuz, alfafa, alho, angélica chinesa, artemísia, bromelaína, castanha-da-índia, chá verde,cogumelo reishi, cóleo, cordyceps, cúrcuma,
erva-doce, feno-grego, freixo espinhoso, fuço,gengibre, ginkgo biloba, ginseng, guggul,meliloto, mirtilo, prímula, raiz-forte, salgueiro
branco, semente de uva, trevo-vermelho eunha-de-gato, pois estes aumentam a atividade antiplaquetária.

Fonte: Revista do Farmacêutico n.119