Os antibióticos podem ser uma alternativa segura e eficaz para tratar a apendicite aguda sem complicações nas crianças, sugere um estudo publicado no "JAMA Surgery".

Os investigadores do Hospital Pediátrico Nacional, nos EUA, constataram, um ano após o período de acompanhamento, que três em quatro crianças foram tratadas com sucesso apenas com os antibióticos.

Comparativamente com a apendicectomia urgente, este tratamento foi associado a um menor tempo de recuperação e custos de saúde.

"As famílias que optam por tratar os filhos com apendicite com antibióticos, mesmo no caso de as crianças terem de ser na mesma submetidas à apendicectomia devido à falta de eficácia do tratamento, reconhecem que valeu a pena tentar os antibióticos para evitar a cirurgia. Estes pacientes evitam os riscos da cirurgia e anestesia e podem rapidamente voltar às suas atividades", revelou, em comunicado de imprensa, um dos autores do estudo, Peter C. Minneci.

Há muito que a cirurgia é o tratamento de eleição da apendicite. Contudo, os investigadores referiram que ao longo das suas carreiras começaram a observar que, quando os pacientes tomavam antibióticos na noite anterior à cirurgia apresentavam melhorias.

De forma a tentar perceber se a toma de antibióticos era suficiente para tratar a apendicite, os investigadores contaram com a participação de 102 crianças, com idades compreendidas entre os sete e os dezessete anos, que tinham sido diagnosticadas com apendicite aguda sem complicações.

As crianças tinham apendicite leve, caracterizada por dor abdominal há mais de 48 horas. Os níveis de leucócitos dos participantes estavam abaixo dos 18.000 e foram submetidos a uma ecografia ou tomografia computadorizada de modo a descartar qualquer ruptura e para verificar se o apêndice não ultrapassava os 1,1 centímetros de espessura. Foi ainda confirmada a ausência de abscesso.

Cinquenta e cinco famílias optaram pela cirurgia e 37 pela toma de antibióticos. Este último grupo foi tratado com antibióticos por via intravenosa ao longo de pelo menos 24 horas, seguido de 10 dias de antibióticos orais, após a alta. Verificou-se que 95% destes pacientes apresentaram melhorias nas 24 horas seguintes e tiveram alta.

O estudo apurou que as taxas de consultas médicas associadas à apendicite nos primeiros 30 dias foram similares nos dois grupos, apenas dois pacientes tratados com antibióticos foram readmitidos no hospital após este período. Um ano após a alta, três em quatro pacientes do grupo tratado com antibióticos não voltou a ter um episódio de apendicite.

Na opinião dos autores do estudo estes resultados indicam que a toma de antibióticos é uma alternativa eficaz para tratar apendicectomia nas crianças.

Fonte: Farmacêutica Curiosa