O mês de dezembro traz a Campanha Dezembro Vermelho com a finalidade de conscientizar as pessoas sobre o vírus HIV/Aids. O que chama a atenção é como o número de contágio vem aumentando com o passar dos anos. De acordo com os dados do último Boletim Epidemiológico HIV/Aids, divulgado pelo Ministério da Saúde, de 2007 até junho de 2020, mais de 342 mil casos de infecção pelo HIV foram notificados, sendo 152 mil na região Sudeste. Nesse sentido, é necessário entender sobre a doença e se prevenir.


A Aids é definida como uma doença crônica causada pelo vírus HIV, responsável por danificar o sistema imunológico, além de interferir na capacidade que o organismo possui em inibir infecções como a tuberculose, pneumocistose, neurotoxoplasmose, entre outras. A Aids (sigla para acquired immunodeficiency syndrome - síndrome da imunodeficiência adquirida, em tradução para o português) também facilita a ocorrência de alguns tipos de câncer, como sarcoma de Kaposi e linfoma, além de provocar perda de peso e diarreia.

Até o momento não existe cura para a doença, somente tratamentos retrovirais capazes de aumentar a expectativa de vida das pessoas que possuem Aids.


Diferença entre HIV e AIDS


HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana (human immunodeficiency virus), que é o causador da AIDS. No entanto, AIDS, é o estágio mais avançado da infecção por HIV.

O HIV é uma infecção sexualmente transmissível, que também pode ser contraída pelo contato com o sangue infectado e de forma vertical, ou seja, a mulher que é portadora do vírus HIV o transmite para o filho durante a gravidez, parto ou amamentação.

Causas


Os cientistas acreditam que um vírus similar ao HIV apareceu pela primeira vez em algumas populações de chimpanzés e macacos na África, onde eram caçados para servirem de alimento.

O contato com o sangue do macaco infectado durante o abate ou no processo de cozinhá-lo pode ter permitido ao vírus entrar em contato com os seres humanos e se tornar o HIV.

Transmissão da Aids


A principal transmissão por HIV é por relações sexuais, sejam elas vaginais, anais ou orais desprotegidas, isto é, sem o uso do preservativo; e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas com sangue, o que é frequente entre usuários de drogas ilícitas, nos quais, também podem contrair mais doenças, como hepatites.

Mesmo que seja muito raro, a outra possibilidade de transmissão é por transfusão de sangue. No entanto, é algo bem difícil, pois, a testagem do banco de sangue é eficiente, e a vertical, que é a transmissão do vírus da mãe para o filho na gestação, amamentação e principalmente no momento do parto, o que pode ser prevenido com o tratamento adequado da gestante e do recém-nascido.

O HIV só evolui para Aids quando a pessoa não é tratada e sua imunidade vai reduzindo ao longo do tempo, pois, mesmo sem sintomas, o HIV continua se multiplicando e atacando as células de defesa, principalmente os linfócitos TCD4+.

Por definição, a pessoas que tem aids apresentam contagem de linfócitos TCD4+ menor que 200 células/mm3 ou têm doença definidora de aids, como neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose extrapulmonar, entre outras. O tratamento antirretroviral tem o intuito de impedir a progressão da doença para aids.

Quanto tempo leva para os sintomas da Aids se manifestarem?


Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, sendo soropositiva, e não necessariamente apresentar comprometimento do sistema imune com depleção dos linfócitos T, podendo viver por anos sem manifestar sintomas ou desenvolver a AIDS.

Existe também o período chamado de janela imunológica, que é o período entre o contágio e o início de produção dos anticorpos pelo organismo.

Nesse período, não há detecção de positividade nos testes, pois ainda não há anticorpos, e pode variar de 30 a 60 dias. Embora nesse período a pessoa não seja identificada como portadora do HIV, ela já é transmissora.

Fatores de risco


Como foi dito acima, para se contrair Aids a pessoa precisa ser infectada pelo vírus HIV.


Todas as pessoas podem contrair o vírus HIV, mas, alguns comportamentos de risco podem favorecer a transmissão, como:


Relação sexual (vaginal, anal ou oral) com pessoa infectada sem o uso de preservativos;

Compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente, no uso de drogas injetáveis;

Reutilização de objetos perfurocortantes com presença de sangue ou fluidos contaminados pelo HIV.

Mulheres HIV-positivas que pretendem engravidar também precisam tomar as providências, sob orientação médica, para não transmitir o vírus para os seus filhos durante a gestação ou parto. Além disso, elas não devem amamentar, pois o vírus pode ser transmitido pelo leite materno.

Sintomas


Os primeiros sintomas de HIV observáveis para Aids são:


Fraqueza;

Febre;

Emagrecimento;

Diarreia prolongada sem causa aparente.

Já em relação as crianças infectadas, os sintomas mais presentes são:


Problemas nos pulmões;

Diarreia;

Dificuldades no desenvolvimento.


Fase sintomática inicial da Aids:


Candidíase oral;

Sensação constante de cansaço;

Aparecimento de gânglios nas axilas, virilhas e pescoço;

Diarreia;

Febre;

Fraqueza orgânica;

Transpirações noturnas;

Perda de peso superior a 10%.

Infecção aguda da Aids


Febre;

Afecções dos gânglios linfáticos;

Faringite;

Dores musculares e nas articulações;

Ínguas e manchas na pele que desaparecem após alguns dias;

Feridas na área da boca, esôfago e órgãos genitais;

Falta de apetite;

Estado de prostração;

Dor de cabeça;

Sensibilidade à luz;

Perda de peso;

Náuseas e vômitos.

Outros sintomas que a pessoa com Aids pode apresentar incluem:


Emagrecimento não intencional;

Fadiga;

Aumento dos linfonodos, ou ínguas;

Sudorese noturna;

Calafrios;

Febre superior a 38ºC durante várias semanas;

Diarreia crônica;

Manchas brancas ou lesões incomuns na língua ou boca;

Dor de cabeça;

Fadiga persistente e inexplicável;

Visão turva e/ou distorcida;

Erupções cutâneas e/ou inchaços.

Estes sintomas podem ser agravados sem o tratamento adequado, até porque, o paciente vivendo com HIV/Aids pode apresentar outros sinais mais graves dependendo da doença oportunista que pode desenvolver.

Ajuda médica


Nem todas as pessoas infectadas pelo HIV apresentam sintomas. Sendo assim, a testagem para HIV é indicada para todas as pessoas, especialmente aquelas com vida sexual ativa.

Os centros de testagem do SUS (CTA, Centro de Testagem e Acolhimento) realizam não só o teste rápido para HIV por meio do sangue ou saliva, como também exames para hepatites B, hepatite C e sífilis.

O clínico geral e o infectologista fazem parte do quadro de especialistas que podem diagnosticar a Aids. Agora se a pessoa já estiver sido diagnosticada com HIV, o médico analisará a evolução da doença, a resposta do organismo ao tratamento, os exames do paciente, a sua condição geral de saúde e quais doenças oportunistas ele contraiu neste período de tempo.

Além disso, é fundamental que o paciente leve suas dúvidas para o consultório por escrito, começando pela mais importante. O fato de questionar essas dúvidas irá garantir respostas para todas as perguntas antes da consulta acabar.


Diagnóstico


Para que o médico consiga ter o diagnóstico de Aids do paciente será feito primeiro a análise geral, em seguida a evolução do HIV, e logo após a resposta aos tratamentos e a presença de doenças oportunistas.


Entre os testes utilizados para determinar o estágio em que a doença se encontra estão:

Contagem de CD4 - As células CD4 são um tipo de glóbulo branco que é especificamente destruído pelo HIV. A contagem de células CD4 em uma pessoa sem HIV pode variar de 500 a mais de 1.000. A infecção pelo HIV costuma diminuir a contagem de CD4. Quanto menor for o CD4, pior o comprometimento do sistema imunológico. Contagens abaixo de 200 células/mm3 mostram que o paciente tem risco de apresentar infecções oportunistas.

Carga viral - O teste mede a quantidade de vírus no sangue e quanto maior a carga viral, mais o sistema imunológico pode ser agredido.

Outros testes


O médico também pode solicitar testes para outras infecções ou complicações relacionadas ao HIV/aids, tais como: tuberculose; hepatite; toxoplasmose; outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST); danos nos rins e fígado; infecções de trato urinário; sífilis.


Testes de Aids


Teste rápido:


Seu funcionamento é da mesma maneira que o teste convencional, o que difere é o que neste caso o resultado é mais imediato e sai no mesmo dia, em trinta minutos ou até duas horas após a realização do exame.


Fluído oral:


O teste de fluido oral é a mais recente modalidade de testagem. Para realizar o exame, é necessário retirar uma amostra do fluido presente na boca, principalmente das gengivas e da mucosa da bochecha, com o auxílio de uma haste coletora.

O resultado pode ser entregue em 30 minutos. Além disso, o teste pode ser realizado em qualquer lugar, pois, dispensa estruturas laboratoriais. Porém, esse procedimento só serve como triagem para o paciente.


Western Blot:


É um exame que detecta diferentes tipos de anticorpo contra o HIV 1 e 2 e pode ser útil no caso de resultados discrepantes após realização de exames como os que foram mencionados acima.

PCR ou carga viral para HIV:


Geralmente, este exame é solicitado quando um dos exames acima é positivo. Ele detecta e quantifica o vírus HIV no sangue e é importante para monitorar o tratamento.

Testes confirmatórios:


Todo exame positivo para HIV precisa ser confirmado com um segundo teste.

Testes convencionais:


O teste convencional foi o primeiro a ser desenvolvido. A ele, dá-se o nome de Ensaio Imunoenzimático, ou ELISA. Nesse teste, os profissionais de laboratório colhem uma amostra do sangue do paciente e buscam por anticorpos contra o vírus. Caso a amostra não apresente nenhuma célula de defesa específica para o HIV, o resultado é negativo e, então, oferecido ao paciente.

Entretanto, se for detectado algum anticorpo anti-HIV no sangue, é necessário a realização de um teste adicional, o chamado teste confirmatório, para que se tenha certeza absoluta do diagnóstico. Nele, os profissionais buscam por fragmentos de HIV na corrente sanguínea do paciente.

Tratamento


A indicação atual é que todos as pessoas infectadas, independente do CD4, devam ser tratadas o quanto antes. O objetivo é minimizar os danos que o HIV causa no corpo e diminuir a transmissão: pessoas em tratamento e com carga viral indetectável = intransmissível.

Existem diversas medicações disponíveis e o tratamento é sempre realizado em conjunto com pelo menos três drogas. No entanto, há um consenso brasileiro de tratamento de HIV/Aids do Ministério da Saúde, que visa uniformizar o tratamento. A medicação de primeira escolha atualmente está disponível em um único comprimido, que é a combinação de três medicamentos.

No caso de contraindicação, efeitos adversos ou resistência, existem opções de outros antirretrovirais que deverão ser individualizados para cada paciente. A escolha do esquema de tratamento deve ser discutida entre o médico e o paciente.

Outro detalhe importante é que uma vez iniciado o tratamento, o paciente deve estar ciente de que ele não deve ser interrompido sem motivo e que as medicações devem ser tomadas todos os dias e nos intervalos prescritos. Isso porque se for utilizado de maneira irregular, o tratamento pode falhar por surgimento de vírus resistentes.

Outras medicações utilizadas são para prevenção de algumas doenças oportunistas, que em geral são suspensas com a melhora da imunidade do paciente. Veja como como cada um deles costumam ser usados:

Inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa: Essa classe de medicamentos atua sobre a enzima transcriptase reversa, tornando conversão do RNA em uma cadeia de DNA viral defeituosa, impedindo a inclusão desta no DNA das células de defesa do organismo hospedeiro. Essa ação impede que o vírus se reproduza.

- Abacavir

- Lamivudina

- Tenofovir[

- Zidovudina

- Truvada

Inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa: Essa classe de medicamentos também atua sobre a enzima transcriptase reversa, bloqueando diretamente sua ação, impedindo a multiplicação do vírus.

- Efavrienz

- Nevirapina

- Etravirina

Inibidores de protease: Medicamentos que atuam na enzima protease, bloqueando sua ação e impedindo a produção de novas cópias do vírus HIV.

- Atazanavir

- Darunavir

- Ritonavir

Inibidores de fusão: Medicamentos que impedem a entrada do vírus do HIV nas células de defesa do organismo hospedeiro via proteína CD4, impedindo o ciclo reprodutivo do vírus.

- Enfuvirtida (T20)

Inibidores da integrase: Medicamentos que bloqueiam a atividade da enzima integrase, responsável pela inserção do DNA do vírus HIV (após ação da transcriptase reversa que converte RNA do vírus em DNA) ao DNA humano. Isto permite a inibição da replicação do vírus e sua capacidade de infectar novas células.

- Dolutegravir

- Raltegravir

Esta doença nos faz perceber o quanto o exame sanguíneo é relevante para análise dessa e de outras diversas enfermidades que podem ser diagnosticadas através do sangue. Por isso, se você atua na área da saúde esse é o momento de se tornar um (a) especialista no assunto. Conheça e faça a sua matrícula na especialização em Hematologia Clínica e Banco de Sangue, Hemoterapia e Terapia Celular "Dupla Certificação" do Instituto Monte Pascoal. Dê um passo à frente na sua carreira profissional e faça a diferença no mercado de trabalho.



Fonte: Guia da Farmácia
Minha Vida

Imagem: 123RF