A data 5 de fevereiro comemora o Dia Nacional do Papiloscopista, este profissional é fundamental nas investigações criminais, pois, é por meio da realização do estudo das papilas dérmicas presentes nas pontas dos dedos, palmas da mão e na sola dos pés que as pessoas, sejam elas vítimas ou criminosos, podem ser identificadas. Por isso, o Minuto Farmácia entrevistou quem atua nesta área para mostrar um pouco de como é o trabalho dos papiloscopistas e suas vivências nesta profissão. Confira!

Apesar de parecerem iguais as papilas dérmicas, conhecidas popularmente como impressão digital, são únicas em cada ser humano e os profissionais de papiloscopia possuem estudos específicos para verificar e associar aquela coleta de impressão digital com o indivíduo que a tem.


Atuação


De acordo com a papiloscopista, Jaqueline Santana Santos, antes o trabalho deste profissional consistia na identificação humana por meio das papilas dérmicas, coordenação da emissão de carteiras de identidade, organização e controle do banco de dados biométrico, identificação neonatal e necropapiloscópica, emissão de antecedentes criminais, levantamento de impressões digitais em locais de crime e tratamento laboratorial de objetos recolhidos nesses locais.

Jaqueline trabalha nesta área há 20 anos e diz que ao longo dos anos outras atribuições foram acrescentadas no trabalho do papiloscopista. "Atualmente também cabe a esse profissional a elaboração de retratos falados, exame de comparação facial e projeções de envelhecimento, rejuvenescimento e disfarce", esclarece.

Papiloscopista com e sem formação


Quando se trata do trabalho com papiloscopia existe o profissional que passou no concurso da polícia civil/federal, normalmente, para o cargo de perícia criminal e foi designado para trabalhar na seção de papiloscopia e o papiloscopista por formação, no qual, passou no concurso e ainda fez o curso de formação para atuar especificamente naquela área.

Para sanar a dúvida em relação ao papel do papiloscopista por formação, Antônio Maciel Aguiar Filho, presidente da Federação Nacional dos Papiloscopistas, explica que dentro da polícia científica há 3 bases, e cada uma delas possui sua atribuição específica. "Por exemplo, vamos imaginar um homicídio, cabe ao Instituto Médico Legal analisar a causa-morte; à criminalística cabe fazer a reprodução da cena do crime e estabelecer a dinâmica; e ao Instituto de Identificação e, portanto, ao papiloscopista a autoria do delito."

Antônio também esclarece que em alguns casos é possível identificar a autoria do crime por meio de outros vestígios como, por exemplo, o DNA mas, na maioria dos casos essa identificação é feita através das impressões digitais ou das imagens feitas por comparações faciais ou retratos falados.


A papiloscopia e as investigações criminais


O presidente da Federação Nacional dos Papiloscopistas diz que em tese o trabalho do papiloscopista deve estar inserido em todos os casos de investigação criminal. Isso porque, o objetivo da percepção penal é a autoria do crime, e o trabalho do papiloscopista visa a identificação desse indivíduo.


"Sem o papel do papiloscopista ali, você vê muitas vezes pessoas sendo condenadas inocentemente porque não passou por esse crivo da papiloscopia, então lá na frente isso vai dar problema. O próprio juiz quando vai condenar e tem dúvida, ele manda confirmar no Instituto de Identificação se aquele preso é o autor mesmo", ressalta.


A papiloscopista Jaqueline também concorda com a importância que o trabalho desses profissionais tem nas investigações e diz o seguinte: "As atividades do papiloscopista constituem hoje importante ferramenta para investigações criminais, inclusive apontando possível autoria quando nenhum outro instrumento investigatório é capaz de fazê-lo. O resultado dos exames realizados por esses profissionais estabelece elementos de prova significativos para a formação da convicção do juízo em processos criminais."

Trabalhos surpreendentes


Entre os diversos trabalhos desenvolvidos pela papiloscopista Jaqueline, ela ressalta um que marcou a carreira dela. "Se fosse para destacar um caso específico, eu apontaria o caso do serial killer Tiago Henrique Gomes da Rocha, no qual, envolveu diversas áreas de pesquisa e análise do Instituto de Identificação. No que competiu à minha seção na época, ficamos responsáveis pela elaboração dos retratos falados os quais foram usados, entre outras aplicações, para a formação de vínculos entre os casos."

Já Antônio Maciel esclarece que já participou de vários casos interessantes e seu trabalho sempre foi mais operacional, mas, ele destaca alguns. Um deles foi a primeira perícia positiva de local de crime em Goiás, que segundo Antônio foi um caso de sequestro, no qual, dois gerentes foram sequestrados na cidade de Corumbá por uma quadrilha que já tinha sete assaltos à banco de maneira muito violenta. Para a elucidação do crime, foram coletados alguns fragmentos e os mesmos serviram para realizar o levantamento de pesquisa de identificação utilizando o sistema automatizado da polícia Federal em que, cadastrava as biometrias dos criminosos.


Outro caso surpreendente para o papiloscopista, foi o acidente com o helicóptero da polícia Civil. Antônio conta que foi o coordenador da equipe que conseguiu identificar todos os corpos através da impressão digital. "Mesmo estando muito carbonizados, nós conseguimos identificar em tempo recorde, em 24 horas de serviço direto. Foi um trabalho surpreendente, mas, ao mesmo tempo marcou muito porque eram colegas, delegados e peritos criminais, que a gente conhecia, então, realmente marcou", relembra o presidente da Federação Nacional dos Papiloscopistas.

Dicas


De acordo com a papiloscopista, Jaqueline, quem deseja ingressar nesta área de atuação precisa ter um perfil determinado e paciente, pois, são características importantes para lidar com elementos investigatórios em condições não ideais, o que também demanda muito esforço para resolução de casos. Além disso, ela afirma que é preciso ter habilidade para trabalhar em equipe, além de proatividade e espírito de inovação.

"Boa noção de informática, química, psicologia e redação de textos é importante para a melhor consecução das atividades. Obviamente, o ingresso no cargo se dá através de concurso público. Sendo assim é necessário para quem deseja compor o quadro da Identificação desenvolver o gosto pelo estudo e estar atento ao perfil de provas da banca responsável pela realização do concurso", explica Jaqueline.

Segundo Antônio a pessoa que tem interesse na profissão de papiloscopista precisa gostar da área de investigação. Ele ressalta que dentro da área de papiloscopia há várias opções de atuação. Por exemplo, quem atua com a informática tem a possibilidade de trabalhar com o sistema AFIS, quem possui habilidade em desenhar pode atuar com o retrato falado, ou a pessoa também pode trabalhar nos locais de crime fazendo o levantamento de impressões digitais, assim como em laboratórios, principalmente as pessoas que possuem conhecimento para trabalhar combinando reagentes químicos para revelar os fragmentos.


Por isso, se você atua como farmacêutico (a) ou já possui ensino superior, mas, se vê na área de investigação criminal saiba que além de estudar para concurso você pode adquirir conhecimentos essenciais com a especialização em Perícia Criminal e Investigação Criminal "Dupla Certificação" do Instituto Monte Pascoal. Seja um (a) especialista no assunto e um profissional capacitado (a) para atuar de forma particular e fazer a diferença no meio profissional.


Fonte: Jaqueline Santana Santos, Antônio Maciel Aguiar Filho e Fenappi

Imagem: Envato Elements