Que beijo é bom, ninguém duvida: pode ser de um bebê, do namorado, da amiga, da mãe, da tia ou da avó. O que quase ninguém sabe é que o gesto de afeto mais popular do mundo pode transmitir um vírus que causa uma doença nada agradável, a mononucleose infecciosa. Ela foi batizada como "doença do beijo", pelo fato de ser transmitida pela saliva - em casos mais raros, pode ser transmitida por outras secreções - e por atingir principalmente jovens, com idade entre 15 e 25 anos.

Vírus
O causador da doença é um vírus chamado Epstein-Barr, que pertence à família dos herpes vírus - que atacam os lábios ou a genitália. De acordo com o clínico geral Mauro Ferreira Neves, embora não saiba, 90% da população adulta já apresentou a mononucleose, mas não chegou a desenvolver a doença em sua forma grave.
"Às vezes, uma simples gripe pode ter sido desencadeada pela presença do vírus no organismo. Muita gente tem o vírus no organismo sem nunca desenvolver a mononucleose ou desenvolvendo de forma branda, quase imperceptível", afirma o clínico geral.

Sintomas
Contudo, alguns pacientes podem desenvolver um quadro clínico que pode exigir até mesmo a internação. Esse foi o caso da adolescente Marina Chaves, de 15 anos. Há 20 dias, ela começou a sentir dores no abdome e dores de cabeça. Após ser examinada por um hematologista, foi detectada uma queda significativa no número de plaquetas e o início de um processo infeccioso.

"Em uma semana, ela estava com toda a parte hepática alterada: fígado, baço, pâncreas, tudo estava comprometido e ela teve que ser internada. Como a garganta inchou muito, ela não conseguia comer e, como poderia ter as vias respiratórias obstruídas, precisou usar oxigênio. Por isso o médico decidiu mantê-la no hospital", conta Regina Chaves, mãe de Marina, qua ainda está se recuperando da doença.

Regina Chaves classifica a doença como "cruel", pois não há nada a ser feito além de esperar que o ciclo se feche. "A doença demora muito a ser confirmada. São três dias para a sorologia ficar pronta. E, assim como demora a evoluir, ela também demora para melhorar. A Marina cuspia o tempo todo, porque não conseguia engolir nem a saliva. É uma doença muito dolorosa. Há quase um mês estamos cuidando dela", diz a mãe da adolescente.

A contaminação da mononucleose infecciosa pode se dar também pelo uso compartilhado de copos e talheres. Ainda não existe vacina contra a doença.

Fonte: Jornal O Tempo