Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriram que o triclosano, um agente antimicrobiano encontrado em xampus, sabonetes, cremes dentais e outros produtos de higiene, provoca fibrose hepática e câncer em ratos de laboratório. O mecanismo molecular desse efeito também é relevante em seres humanos. Os resultados da pesquisa foram publicados na edição mais recente da revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

A equipe, liderada por Robert Tukey, expôs as cobaias à substância durante seis meses, período que equivale a 18 anos em humanos. Os autores observaram que, além de comprometer a integridade hepática, o triclosano influenciou no aparecimento de tumores no fígado. Esses cânceres eram maiores e mais agressivos do que os que acometeram ratos que não tiveram contato com o produto. Os pesquisadores sugerem que o triclosano atua no receptor androstano constitutivo, uma proteína responsável pela "limpeza" do corpo humano.

Como o composto impede que essa proteína desintoxique o organismo, o fígado produz mais células. Essa compensação de estresse resulta na fibrose, que é a criação de uma pele mais dura e resistente no órgão. Com isso, ele perde a capacidade de regeneração.

A exposição repetida ao produto e o agravamento da fibrose promovem a formação dos tumores. "O aumento de triclosano detectado em amostras e a ampliação do uso dos produtos que o contêm podem superar os benefícios que ele traria se fosse utilizado com moderação", alerta Tukey.

O autor reforça que o aumento no consumo de derivados do triclosano é proporcional à toxidade que ele promove no fígado, especialmente quando o produto é combinado com outros de ação semelhante. Embora a recomendação de evitar o químico seja válida, é difícil se esquivar dele. Para se ter uma ideia, estudos descobriram vestígios do triclosano em 97% das amostras de leite materno e em quase 75% da urina das pessoas testadas.

Fonte: Control Quality Assessoria Farmacêutica