A toma de doses elevadas do antibiótico vancomicina, utilizado no tratamento de infecções bacterianas resistentes aos fármacos, pode aumentar o risco de danos renais nas crianças, defende um estudo publicado nos "Annals of Pharmacotherapy".

A vancomicina é um fármaco reservado para o tratamento de infecções bacterianas que não respondem a outros medicamentos e há décadas é utilizado com segurança. Contudo, com a propagação das bactérias resistentes aos fármacos, como o Staphylococcus aureus resistente à meticilina, em 2009 foi aconselhado aumentar a dose do fármaco perante a suspeita de uma infecção resistente.

Apesar destas novas diretrizes terem sido formuladas para pacientes adultos, muitos hospitais pediátricos têm aplicado esta abordagem de doses elevadas no tratamento de crianças. Por outro lado, os investigadores do Centro Pediátrico Johns Hopkins, nos EUA, também referem que este antibiótico, já utilizado há cerca de 30 anos, pode salvar a vida de muitos pacientes com infecções graves e que os danos renais são geralmente reversíveis quando o tratamento é terminado.

Neste estudo, os investigadores analisaram os registros médicos de 175 crianças às quais foi administrado vancomicina, entre 2009 e 2010, para o tratamento de infecções da pele, ossos, coração, pulmão, cérebro ou infecções sanguíneas provocadas pelo Staphylococcus aureus resistente à meticilina. Verificou-se que 14% desenvolveu danos renais.

O estudo apurou que quanto maior era a dose de antibiótico administrada, maior era o risco. Por cada 5mg por Kg o risco de falência renal aumentava 16%. Verificou-se também que por cada dia de tratamento adicional o risco aumentava 11%. O tempo médio de tratamento com vancomicina entre as crianças que sofreram danos renais foi de oito dias, comparativamente com os quatro dias naqueles que não apresentaram quaisquer danos.

"Os nossos resultados confirmam a dificuldade que existe entre assegurar que a dose é suficientemente elevada para tratar estas infecções sérias, por vezes colocam risco de vida, e pequenos, mas reais riscos de danos renais. Em última análise o que necessitamos é de novos fármacos capazes de garantir o mesmo efeito terapêutico sem afetar os rins ou outros órgãos", revelou, em comunicado de imprensa, um dos autores do estudo, Carlton Lee.

Fonte: Farmacêutica Curiosa