Este ano, pacientes diagnosticados com teste positivo para Aids começaram a poder fazer uso do medicamento 3 em 1, previsto no Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids do Ministério da Saúde. A dose tripla combinada é composta pelos medicamentos Tenofovir (300 mg), Lamivudina (300 mg) e Efavirenz (600 mg) e vai beneficiar 100 mil novos pacientes com HIV e Aids. As doses já foram entregues aos estados, responsáveis pela distribuição para os municípios. Até o final deste ano, pacientes que já estavam em tratamento também serão beneficiados com a medicação.

Wanderley Estrella, 49 anos, cabeleireiro residente no Distrito Federal, recebeu o diagnóstico positivo para o vírus HIV em 1989 e conta como foi complicado seguir o tratamento nessa época em que ainda havia poucas informações disponíveis sobre a doença e as medicações utilizadas. "No primeiro momento eu tomava 27 remédios. As primeiras medicações eram terríveis. Você tomava e vomitava a metade. Em um segundo momento, com a evolução do tratamento, eu comecei a tomar 21 comprimidos. De 2007 pra cá eu estou indetectável, então eles começaram a me passar cinco comprimidos por dia e agora eu tenho a notícia de que existe um comprimido que serão 3 em 1", conta.

Para ter sucesso no tratamento, é fundamental que o paciente tenha uma boa adesão, utilizando os remédios de acordo com as indicações médicas. A decisão sobre interrupção ou troca de medicamentos deve ser tomada com o consentimento e orientação do médico que realiza o acompanhamento do paciente soropositivo.

"Você primeiro tem que ter vontade de ser feliz e viver. Segundo, conviver com a doença hoje é um pouco mais simples, a partir do momento que você ajusta a alimentação e toma a medicação de forma correta, isso é seguro. Há anos, quantos amigos eu perdi pela falta de informação e achando que o coquetel não daria resultado nenhum. Porque você se assusta. Eu quero continuar vivendo, independente se vou viver mais 30 ou 40 anos, eu quero viver numa boa e com felicidade. Faço meu papel perante o Ministério da Saúde e a sociedade", garante Wanderley Estrella, que participa ativamente de uma das maiores feiras de cabeleireiros do mundo, que conta com stand de teste rápido e orientação sobre a Aids, realizado em parceria com o Ministério da Saúde.

Desde novembro, cerca de 11 mil pacientes já foram beneficiados com o medicamento 3 em 1 nos Estados do Rio Grande do Sul e Amazonas, que possuem as maiores taxas de detecção do vírus. O Ministério da Saúde investiu R$ 36 milhões na aquisição de 7,3 milhões de comprimidos e o estoque é suficiente para atender os pacientes nos próximos 12 meses.

Terapias complementares

Além do tratamento existente com os medicamentos antirretrovirais, também estão disponíveis nos Serviços de Saúde Especializados atendimentos com psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, enfermeiros e farmacêuticos. Exercícios físicos e alimentação equilibrada também melhoram a saúde e a autoestima. Acupuntura, homeopatia, massagens (shiatsu e reflexologia), práticas físicas (yoga e Tai Chi Chuan) e consumo de algumas ervas medicinais são chamadas de terapias complementares, muito utilizadas para reduzir o estresse e os efeitos colaterais dos coquetéis, melhorar o sistema imunológico, aliviar a dor e auxiliar no tratamento de infecções oportunistas, mas é importante ressaltar que as terapias complementares não substituem os medicamentos. As práticas devem ser indicadas por profissionais e comunicadas ao médico.

A revista britânica The Lancet, uma das mais importantes publicações científicas da área médica, divulgou em julho de 2014 um estudo mostrando que o tratamento para Aids no Brasil é mais eficiente que a média global. Segundo a publicação, as mortes em decorrência do vírus HIV no país caíram a uma taxa anual de 2,3% entre 2000 e 2013, enquanto a média global apresenta uma queda de 1,5% ao ano.

Entre 2005 e 2013, o Ministério da Saúde mais do que dobrou o total de brasileiros com acesso ao tratamento, passando de 165 mil (2005) pra 400 mil (2014). Atualmente, o SUS oferece, gratuitamente, 22 medicamentos para os pacientes soropositivos. Desse total, 12 são produzidos no Brasil.

Fonte: Blog da Saúde