Milhões de pessoas que sofrem de diabetes poderiam ser poupadas de injeções dolorosas tão logo os cientistas disponibilizem um adesivo inteligente que monitora os níveis de glicose e libera insulina automaticamente através de centenas de micro-agulhas.
O dispositivo de alta tecnologia que adere à pele, como um emplastro, pode detectar até mesmo pequenos aumentos nos níveis de açúcar no sangue, o que significa que pequenas doses de insulina podem ser dadas quando necessário.O adesivo – um quadrado fino do tamanho de um selo postal – é coberto com mais de cem agulhas minúsculas, cada uma do tamanho de um cílio.

Estas "microagulhas" são embaladas com unidades microscópicas de armazenamento de insulina e enzimas com sensor de glicose que liberam sua carga rapidamente quando os níveis de açúcar no sangue ficam demasiadamente alto.Embora só tenha sido testado em camundongos, os desenvolvedores da Universidade da Carolina do Norte, no Reino Unido, dizem que poderia ser uma ‘virada de jogo’ para os seres humanos."Nós projetamos este adesivo para o diabetes que trabalha rápido, é fácil de usar, e é feito de materiais biocompatíveis, não tóxicos", disse o co-autor sênior Prof Zhen Gu, do Departamento de Engenharia Biomédica.

"Todo o sistema pode ser personalizado para dar conta do peso do diabético e sua sensibilidade à insulina para que pudéssemos fazer o adesivo inteligente ainda mais inteligente."O diabetes afeta cerca de quatro milhões de pessoas na Grã-Bretanha, embora cerca de 850 mil estão atualmente sem diagnóstico.

Os doentes com diabetes tipo 1 e tipo 2 avançados são obrigados a verificar os seus níveis de açúcar no sangue com picadas no dedo regulares, aplicando repetidas injeções de insulina para controlar a glicemia, um processo que é doloroso e, às vezes, impreciso.

"A falta de controle da glicemia pode levar a complicações significativas, como cegueira e amputações de membros, e a aplicação em doses exageradas de insulina podem ter consequências ainda mais desastrosas, como comas diabéticos e morte", disse o Dr. John Buse, um dos autores do estudo e diretor da University of North Carolina.

O novo adesivo funciona imitando os próprios produtores de insulina natural do corpo, conhecidos como células beta. As células beta produzem e armazenam a insulina, e ainda decidem quando deve ser lançada ao organismo e em que quantidade.A equipe desenvolveu nanopartículas inteligentes feitas de pequenas bolhas, cada uma contendo uma pequena quantidade de insulina e enzimas destinadas a detectar a glicose. Quando elas sentem um aumento do açúcar no sangue as bolhas desintegram-se liberando quantidades específicas de insulina dependendo da quantidade de glicose presente.Eles, então, construíram as bolhas em uma matriz de agulhas minúsculas que podem assentar-se em um adesivo na pele.

Quando esse adesivo é colocado sobre a pele, as microagulhas penetrar na superfície, chegando até o sangue que flui através dos capilares logo abaixo."A parte mais difícil do tratamento do diabetes não são as injeções de insulina, ou as verificações de açúcar no sangue, ou a dieta, mas sim o fato de você ter de fazê-los várias vezes por todos os dia para o resto de sua vida, acrescentou o Prof. Buse."Se conseguirmos que estes adesivos trabalhem nas pessoas, será um divisor de águas".

Atualmente os diabéticos precisam de injeções de insulina regularmente e devem monitorar constantemente os seus níveis de glicose no sangue.Seu objetivo final é desenvolver um adesivo inteligente com insulina onde os pacientes só tivessem que mudar a cada poucos dias.

Dr Richard Elliott, da Equipe de Pesquisas da Diabetes UK, disse: "Esta pesquisa envolveu ratos e está ainda numa fase inicial. Estudos clínicos em seres humanos serão necessários para descobrir se esta nova abordagem promissora pode ajudar a simplificar as técnicas existentes para o gerenciamento de glicose no sangue – o que, como sabemos, pode ser uma tarefa diária dolorosa para milhões de pessoas com diabetes".

"Vamos continuar a acompanhar os progressos nesta área com interesse."A pesquisa foi publicada no jornal Proceeding of the National Academy of Sciences.

Fonte: Portal Tia Beth