A produção da vacina contra a gripe H1N1 passa por um complexo processo que começa em uma granja de Itirapina (SP). Lá, um exército de galinhas coloca cerca de 52 milhões de ovos, aproximadamente 268 mil por dia, que servem como ponto de partida para o desenvolvimento das doses no Instituto Butantã, em São Paulo.

Quando nascem, as aves vão para uma granja, onde recebem cuidados específicos. Ao atingirem 17 semanas, são levadas para Itirapina. As cerca de 150 mil aves recebem cuidados rigorosos. Passam por exames de saúde, como coleta de sangue e fezes, a cada 15 dias e têm alimentação com ração de origem vegetal.

A estrutura da granja também é adaptada com telha isotérmica. A temperatura e a umidade são controladas. Para ter acesso ao local, é preciso passar por um processo de higienização. São pelo menos dois banhos e todo material deve ser desinfectado para não contaminar as aves.

Ovos

Dos ovos podem ser feitos vários tipos de vacina, mas hoje toda a produção é voltada para o H1N1. Assim que galinha bota, os ovos vão para uma esteira e depois para uma sala onde são selecionados.

O produto vai para uma máquina e a operadora só coloca a mão nos ovos que tiveram algum tipo de problema, como os trincados, por exemplo. Depois, os ovos que estão em boas condições vão para a câmara de desinfecção.

A próxima etapa é a incubadora mecânica, que faz o trabalho da galinha. A máquina choca os ovos para que os embriões cresçam. Eles ficam ali por dez dias e somente então são analisados em outra cabine, onde é usada uma luz especial que permite enxergar dentro do ovo.

Embriões vivos

Para produzir a vacina, só servem os ovos que tiverem embriões vivos. "É importante porque ele vai reagir com o vírus inoculado para gerar o produto final que é a vacina", explicou a veterinária Nayara Magnusson.

Assim, é no interior dos ovos fecundados, contendo embriões de exatos 11 dias, que são injetadas amostras de H1N1, e das outras duas cepas da gripe incluídas na vacina: H3N2 e B. Durante pelo menos 72h, os ovos ficam em período de incubação, quando o vírus injetado se multiplica no líquido que envolve o pintinho. "Cada ovo rende o equivalente a três doses de apenas um dos vírus, e como a vacina protege contra três tipos, precisamos repetir esse processo com cada cepa, o que exige 54 milhões de ovos para produzir 54 milhões de doses da vacina trivalente que fornecemos para o Ministério da Saúde", explica Marcelo de Franco, diretor substituto do Butantã.

Em julho, todo o processo recomeça para a produção dos ovos que vão ser usados para a campanha de vacinação do ano que vem. "É gratificante poder colaborar e saber que a partir daqui é que vai dar sequência ao produto final que é a vacina. A responsabilidade é grande", afirmou a veterinária.

Com trabalho árduo e turno extra dos funcionários, 16 milhões de doses conseguiram ter a entrega adiantada, em quase 2 semana, para distribuição a partir de 11/04, priorizando os grupos de idosos, gestantes, e crianças de 6 meses a 5 anos, e profissionais de saúde.

Fonte: Infopharma