Os chamados biomedicamentos, remédios feitos a partir de células modificadas, provocam atualmente um rombo de quase R$ 2 bilhões na balança comercial do setor farmacêutico do país, mas só agora o Brasil começa a se mexer para produzir esses produtos. Segundo especialistas, o Brasil está atrasado 30 anos num mercado que já movimenta US$ 160 bilhões por ano no mundo, cresce 12% ao ano e é a vanguarda da indústria farmacêutica.

— As primeiras plantas para produzir estes medicamentos começam a surgir por aqui, mas o Brasil está atualmente onde Estados Unidos e Europa estavam na década de 80 em relação aos biofármacos. É um atraso de mais de 30 anos — diz Leda Castilho, professora de engenharia química do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio (Coppe-UFRJ).

Um estudo do Grupo FarmaBrasil, que reúne as maiores farmacêuticas do país, mostra que em 2015 o déficit total da balança comercial de medicamentos foi de US$ 5,2 bilhões, com os biofármacos representando US$ 2 bilhões. — O governo sabe que a produção local precisa começar logo para não perder o bonde — diz uma fonte do setor que vem discutindo o assunto no Ministério da Saúde.

Sem centro de pesquisa – Produzidos a partir de sofisticados processos de modificação de células vivas e considerados mais precisos no tratamento de doenças como câncer, artrite e psoríase, o país é obrigado a importar praticamente todos os biofármacos que utiliza e distribui através do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso faz aumentar o rombo da balança comercial do setor farmacêutico do país.

— O Brasil está aprendendo a tecnologia dos biofármacos, construindo fábricas e formando gente. Mas aqui os padrões de exigência da Anvisa são muito elevados, e o tempo para os estudos clínicos é maior — diz Reginaldo Arcuri, presidente do Grupo FarmaBrasil, integrado por grandes laboratórios, que têm como objetivo fomentar o avanço tecnológico desse segmento.

Segundo especialistas, o país não investiu em pesquisa para criar e desenvolver medicamentos biofármacos no país. Isso explica o estágio de atraso em que o país está em relação a países como Coreia do Sul, Índia, Cuba, Argentina e México, na produção dos chamados remédios do futuro.

— Não temos um centro específico de pesquisa e desenvolvimento de biofármacos. Atualmente, existem as chamadas Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs), desenvolvidas pelo governo, em que participam laboratórios públicos e as empresas, com objetivo de produzir os medicamentos e fornecer ao SUS. Mas, nas PDPs, copiamos tecnologia já existente. O país não se organizou para a a inovação — diz Antonio Britto, presidente da Interfarma, que reúne os laboratórios de pesquisa.

Fonte: O Globo

Fonte: Farmacêutico Márcio Antoniassi

Fonte da imagem: Biominas Brasil