O Conselho Federal de Farmácia (CFF) divulgou nesta quarta-feira, dia 24 de abril, durante a sua 481ª Reunião Plenária, em Brasília, os resultados do Rastreamento de Casos Suspeitos de Diabetes Mellitus: Novembro Diabetes Azul 2018. Realizado no final entre 14 de novembro e 12 de dezembro do ano passado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), com o apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o estudo foi apresentado pela assessora da Presidência, Josélia Frade, e demonstrou uma prevalência de 18,4% de glicemia elevada na população pesquisada, composta por 17.580 pessoas de todas as regiões do país. Isso significa que um em cada 5 brasileiros sem diagnóstico prévio pode ter diabetes mellitus. O estudo é um dos maiores sobre o tema já realizados no país.

Além de realizarem o teste de glicemia capilar, todos os participantes tiveram a circunferência abdominal, peso e altura medidos, além de serem submetidos à avaliação de risco de desenvolvimento do diabetes por meio do Finnish Diabetes Risk Score - FINDRISC. Os resultados do teste apontaram que 22,6% dos brasileiros sem diagnóstico prévio de diabetes mellitus apresenta risco alto (um brasileiro em cada três) ou muito alto (um brasileiro em cada dois) de desenvolver a doença nos próximos dez anos. Os fatores de risco mais presentes foram o sedentarismo (68%), a não ingestão de verduras e frutas todos os dias (43%) e o histórico familiar (37%).

Participaram do Estudo, cerca de mil farmacêuticos de farmácias públicas e privadas, em 345 municípios. A maioria dos pacientes foi atendida em farmácias privadas (77,84%). Prevaleceram na amostra o público feminino (60%) e pessoas com menos de 45 anos (48%). A maior parcela da população pesquisada possuía 11 anos ou mais de estudo. Apenas 4,6% dos participantes não eram alfabetizadas.

O presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, agradeceu os voluntários que participaram da campanha e destacou a importância dos resultados para a saúde pública. "Com base nas estatísticas apuradas, temos subsídios para ações efetivas voltadas à prevenção e ao controle do diabetes mellitus no país. Nossos próximos passos serão apresentar esses dados aos diferentes gestores de saúde no país, para que essas informações levantadas se revertam em medidas que possam de fato beneficiar a população", destacou.

A presidente da SBD, Hermelinda Pedrosa, acompanhou a apresentação dos dados e agradeceu a parceria feita com a entidade. Ela destacou o fato de que as estatísticas apuradas refletem a desigualdade social no país. "A gente precisa investir principalmente nas regiões mais pobres do País. O Brasil é um país rico, mas desigual, inclusive a gente vê que, metabolicamente, isso também ocorre. Os dados mostram claramente um pior controle no Norte e no Nordeste. A gente precisa educar, apoiar e transformar a vida dessas pessoas como profissionais de saúde. "

Sobre o porcentual de 24,6% de exames alterados na Região Centro-Oeste, ela destacou que o índice certamente tem um vínculo com os dados de alta prevalência de sobrepeso e obesidade detectados na região por meio do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde. "A partir desses dados, precisamos reinventar formas de abordagem e de ação, precisamos educar e apoiar as pessoas para que possamos transformar essa realidade."

Uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, Josélia Frade destacou a singularidade do projeto, que permitiu também a integração e aproximação do CFF com a SBD. "O que a gente espera é que esses resultados não parem apenas no diagnóstico. Que os gestores de saúde desse país olhem com muito carinho para esses dados e, quem sabe, consigamos elaborar planos de ação para poder minimizar o risco nessa população."

Apresentado nesta quarta-feira, dia 24 de abril, a reunião plenária do CFF em Brasília, o estudo é um dos maiores sobre o tema já realizados no país.


Fonte de texto: www.cff.org.br