A tosse agora mais do que nunca é vista com "maus olhos" pela população por ser um dos sintomas da doença Covid-19, mas, antes da pandemia a tosse sempre causou um certo incomodo nas pessoas que passam por esse período. O fato de tossir por um pequeno espaço de tempo é algo normal, porém a tosse quando perdura por mais de três semanas pode significar um sinal de alerta para nosso organismo.


De acordo com o pneumologista da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Dr. Jairo Araújo, a tosse é um mecanismo natural de defesa do organismo que nos ajuda a eliminar o muco (catarro) e as substâncias irritantes das vias aéreas, evitando que esses resíduos invadam o pulmão e causem doenças mais graves. No entanto, ele também afirma que não se deve combater os sintomas da tosse com medicamentos, principalmente os antitussígenos a não ser quando dura mais de três semanas.


Durante a estação inverno, as infecções e alergias respiratória aumentam devido ao clima frio e seco, juntamente com a poluição em certas metrópoles. Com a piora na qualidade do ar e o fato das pessoas estarem em ambientes mais fechados e mais próximas de outras, é quase inevitável a transmissão de quadros virais como a gripe e o resfriado.


Entre os sintomas de coriza, mal-estar e, em certos casos, febre, os problemas virais normalmente vem acompanhado de tosse. Entretanto, a pneumologista pediátrica do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo (SP), Dra. Maria Helena Bussamra, esclarece que a tosse é algo positivo. "Como essas infecções respiratórias geram um aumento na produção de muco, o ato de tossir é uma forma de eliminar esse catarro lotado de vírus, por isso não devemos inibi-la de forma nenhuma".

A pneumologista também explica que pessoas saudáveis que moram em cidades grandes podem apresentar tosse por até 50 dias durante todo o ano por causa da qualidade do ar, mas, quando a tosse é considerada passageira não ultrapassa os três dias.


O pneumologista pediátrico da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dr. Raí André Silva Watanabe, alerta que os antitussígenos, como a codeína e o dextrometorfano, não devem ser usados para as infecções virais. Segundo ele, para tratar os sintomas e aliviar a irritação das vias aéreas, o primeiro passo é fazer uma hidratação oral adequada, repetir a limpeza nasal mais vezes ao dia e consumir alimentos quentes, como chás e sopas.

O médico também diz que a tosse por estar mais relacionada a quadros virais, tende a acontecer mais à noite e no início da manhã. "Isso tem a ver com o gotejamento pós-nasal quando o paciente deita, já que a secreção acumulada na concha nasal e nos seios da face cai na garganta ao deitar. Por outro lado, no período da manhã, a tosse limpa o muco que se instalou nas vias aéreas durante a noite", explica.


Em casos de asma, por exemplo, as tosses noturnas estão associadas com a baixa produção do ciclo de cortisol, por isso, o pneumologista Dr. Watanabe, salienta que possibilidade de haver inflamação brônquica e consequente broncoespasmo, causando a tosse é maior nesse período.


Classificação de duração das tosses


Até três semanas: tosse aguda.

De três a oito semanas: tosse subaguda.

Mais de oito semanas: tosse crônica.

Coloração e textura do catarro


Catarro fluído como saliva e transparente: sugere doença viral ou alérgica.

Catarro amarronzado e mais consistente: sugere infecção mais grave.

Catarro espesso e esbranquiçado com coloração que remeta a de leite condensado: sugere infecção bacteriana.

Catarro marrom escuro e espesso: sugere crise de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) causada pelo cigarro.

Além de todos os motivos que podem causar a tosse, o Dr. Watanabe aponta outro motivo comum de tosse, sendo ele pela doença do refluxo gastroesofágico, que piora com o corpo deitado. "Nessa situação, há relação com o reflexo de tosse mediada pelo nervo vago e, menos frequentemente, com a microaspiração de material refluído do estômago. "

Caso a tosse comece a ficar prolongada e se estender por mais de oito semanas, o recomendado é procurar um especialista. Segundo o Dr. Araújo, ela tanto pode ser sintoma das alergias respiratórias, tais como, rinite, sinusite e asma não tratadas adequadamente, como também de tuberculose, pneumonia e até câncer de pulmão.

Se você atua na área farmacêutica e quer se posicionar melhor no mercado de trabalho e ampliar seu conhecimento, conheça a especialização em Farmácia Hospitalar Oncológica do Incursos. Aperfeiçoe suas técnicas profissionais e se torne referência no mercado de trabalho.



Fonte: Guia da Farmácia

Imagem: 123RF