Remédio elaborado para o tratamento de hipertensão, chamado ambrisetan, conseguiu impedir o desenvolvimento e a migração de células cancerígenas. O medicamento também reduziu o surgimento de novos tumores, metástases, conforme mostraram os testes de laboratório em culturas celulares, in vitro, e em animais. A descoberta foi realizada através de pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. O medicamento é aplicado de forma menos invasiva, por via oral, podendo ser usado nas fases iniciais do câncer. Os pesquisadores planejam iniciar os testes em seres humanos em 2021.


O estudo foi publicado por meio de artigo na revista Scientific Reports e coordenado pelo pesquisador Otávio Cabral Marques, do Departamento de Imunologia do ICB. Além disso, o medicamento escolhido para a pesquisa é um antagonista seletivo do receptor de endotelina tipo A, ou seja, tem a função de inibir esse receptor, que é expresso no endotélio, ou seja, a camada que reveste a parede interna dos vasos sanguíneos, células tumorais e em células do sistema imune.

Outros estudos já comprovaram que o receptor de endotelina tipo A está envolvido no crescimento tumoral e na metástase de vários tumores. Dessa forma, esse alvo serviria para diferentes tipos de câncer.


Os pesquisadores começaram com os testes in vitro para verificar a migração das células, usando diferentes linhagens tumorais, como leucemia, câncer de ovário e de pâncreas. As células foram tratadas com a droga e algumas receberam um estímulo; em seguida, os pesquisadores quantificaram as células que migraram. O medicamento impediu tanto a migração induzida quanto a espontânea.


Redução da metástase


O segundo passo do estudo foi testar o fármaco em camundongos no estágio inicial de câncer de mama. Os animais receberam o tratamento durante duas semanas antes da implantação do tumor até duas semanas depois e apresentaram uma redução de 43% da metástase. "Uma vez que esse modelo de tumor é implantado nos camundongos, a metástase ocorre muito rapidamente. Por isso o tratamento precisou começar antes", esclarece Marques, coordenador da pesquisa.

A estimativa da equipe de pesquisadores é que, em futuros testes clínicos, se a droga for administrada no início da doença, antes do desenvolvimento da metástase, será possível impedir ou reduzir o crescimento do tumor, melhorando o prognóstico. "Nosso objetivo é verificar se o medicamento pode ser aliado ao tratamento tradicional e reduzir a necessidade de quimioterapia", afirma.


Uma das vantagens é que o fármaco é aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já passou por testes de segurança. Além de ser uma droga oral, não invasiva.

Os integrantes da pesquisa também pretendem investigar se seria possível modificar o método de entrega do fármaco e administrá-lo diretamente no tumor para obter um resultado mais eficiente. O coordenador do estudo está em contato com o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) para testar o ambrisentan em pacientes e a expectativa é que essa etapa tenha início no próximo ano.

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Fonte: Jornal da USP

Imagem: 123RF